Grupo com mais de 40 colaboradores ergueu o imóvel na zona norte de Porto Alegre
Acreditar no Papai Noel fez toda a diferença na vida de Manuella Batista Menezes. A menina escreveu uma cartinha pedindo material de construção para terminar a obra de sua casa, no bairro Vila Jardim, zona norte de Porto Alegre. A ação foi realizada pelos professores da Escola Estadual Gomes Carneiro em dezembro de 2020.
Nesta terça-feira (4), a família já vivia no novo espaço, pedido de Natal atendido por mais de 40 ajudantes de Papai Noel. Após a reportagem de GZH, os voluntários se uniram para erguer o imóvel sem qualquer custo para a família.
— Vale a pena acreditar no Papai Noel — garante Manu, na manhã desta terça-feira (4).
A obra foi entregue no mês passado, próximo à data em que ela completou nove anos. No entanto, não foi o único presente: a irmãzinha de Manu tem apenas dois dias de diferença em relação ao seu aniversário.
— A Aurora é o meu outro presente — afirma, sobre a bebê que comemorou um ano em 28 de abril.
A mobilização surgiu após a história da cartinha ser contada na Rádio Gaúcha e em GZH. Ex-aluno do colégio Gomes Carneiro, o arquiteto Fabiano Borda, 47 anos, escutou o relato emocionado da mãe da estudante ao programa Gaúcha Atualidade. Brenda Batista, 25 anos, chorou ao dizer que a filha era sua parceira, e que deixou de pedir uma boneca, ou qualquer outro brinquedo para priorizar um sonho compartilhado pelas duas.
No mesmo dia em que ouviu a entrevista, o profissional iniciou a avaliação da peça inacabada em que elas viviam — sem reboco ou forro e com frestas no teto, a chuva atingia os móveis, situação que obrigava o abandono da residência em meio a algum temporal. Quase meio ano após a primeira visita — e muito trabalho para tirar o sonho do papel —, o arquiteto vê orgulhoso seu projeto concretizado.
— É muito gratificante. Temos que pensar no nosso propósito de vida. Compartilhar o que temos — resume.
As primeiras semanas foram de acúmulo das doações: tijolos, sacos de cimento e uma espécie de fundo de obra salvou os recursos depositados. Um grupo no WhatsApp chamado Sonho da Manu foi criado para organizar a logística.
O sonho de Manu virou realidade
Três empresas são destacadas pelo arquiteto como responsáveis pela mão de obra, oferecida gratuitamente: GHB Construções, Brasul e Mantech. Móveis também ajudaram a criar o cenário de hoje, muito diferente do visto no ano passado.
— A gente não tinha uma casa. Tinha uma peça, que eu comecei a construir depois que não consegui mais pagar o aluguel — relembra Brenda.
No terreno, a construção se destaca das demais pelo pé direito alto, que garante melhor ventilação. O piso novo brilha e a pintura cinza das paredes dá um ar de conforto. Há janelas nas laterais e ao lado da porta de entrada. Com dois dormitórios, Manu tem agora um cantinho para si, no qual pode brincar e estudar de forma mais tranquila — internet a cabo foi instalada para ela acompanhar as lições remotas. Brenda também tem um quarto, e privacidade. Ao contrário da filha, prefere acreditar que o Papai Noel é um anjo na Terra.
— Anjo da guarda é a palavra certa. São pessoas que têm solidariedade ao próximo, que te jogam para cima, que querem o teu bem — define.
Alguns retoques ainda são necessários sob o telhado e principalmente no pátio de brita. Desempregada, Brenda começou sozinha a erguer uma casinha de boneca para Manu, com tijolos formando um retângulo de poucos metros quadrados. A magia do Natal que entregou uma casa nova à família é vista mais uma vez: na geladeira, uma foto de 2017 tem Manu, o irmão, Henry, e o tio, Matheus. O trio está abraçado ao Papai Noel, e a menina é a mais sorridente.
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